UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA
INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCENCIA –PIBID/CAPES
TEATRO -
LICENCIATURA
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PIBID TEATRO
O objetivo central deste relatório é apresentar o que foi desenvolvido e como foi o trabalho do PIBID Teatro
nesses dois anos de desenvolvimento. O
PIBID Teatro UFPel foi muito importante tanto para a minha formação acadêmica,
quanto para o curso de teatro. Posso dizer que foram dois anos muito
proveitosos, onde pudemos conhecer melhor o projeto, a escola e colocar em
prática algumas propostas do subprojeto.
Como
bolsistas do projeto tivemos a oportunidade de conhecer e discutir os PCNs de
arte e também de participar de vários encontros e seminários onde foi discutida
a educação.
Destaco
como positivo a primeira atividade do PIBID Teatro, que foi o grupo de estudos
dos PCNs, momento no qual pudemos discutir e dialogar com os colegas bolsistas
e analisar o que estava escrito nos PCNs e tentar trazer para a realidade das
nossas escolas.
O
diagnóstico das escolas, primeira atividade realizada na escola, foi muito satisfatório,
pois com o diagnóstico podemos conhecer melhor a escola na qual iríamos
trabalhar e desenvolver os projetos. A Escola Municipal Getúlio Vargas, na qual
fui designado a trabalhar, é uma escola muito acolhedora com profissionais bem engajados
e dispostos a receber o projeto PIBID Teatro.
O trabalho nessa escola nesses
dois anos de projeto foram fundamentais para a minha formação, digo
especificamente nessa Escola que como foi diagnosticado é bastante carente de
recursos e localizada em um bairro muito pobre. O PIBID nos deu a possibilidade de adentrar e conhecer de fato a realidade
escolar, fazendo-nos apaixonar ou odiar esse universo. Muitos colegas do PIBID com
certeza pensam em nunca mais pisar e uma escola depois dessa experiência
docente, outros estranharam e se assustaram com as grandes mudanças no âmbito
escolar, mas que ainda acreditam que só com a educação que as mudanças
ocorreram de fato. A academia nos apresenta uma escola ideal e alunos
completamente diferentes da realidade, talvez seja esse o grande estranhamento
e o susto que acontece com muitos acadêmicos licenciados quando vão para a
escola e enfrentam essa realidade escolar.
Também
destaco como positivo os seminários que participamos ao longo do projeto, pois
foram espaços de formação e conhecimento, de muito aprendizado, pois podemos
dialogar com outras disciplinas os problemas enfrentados na educação. Encontros
de arte do qual participamos também foram momentos únicos e de muita valia para
minha formação, conhecer a realidade dos outros cursos de artes foi muito
interessante. Começamos a perceber que problemas existem em todos os cursos não
apenas no nosso.
O
“Teatrando no PIBID”, projeto do qual participei como monitor, idealizado pelos
bolsistas Hélcio Fernandes, Jandira Brito, Lídia Rosenhein, Maicon Barbosa e
Tainara Urrutia, teve como objetivo propiciar aos participantes uma vivência da
linguagem teatral. Destaco como sendo importantíssimo, tanto para nós monitores
quanto para os acadêmicos de outros cursos que tiveram contato com a linguagem teatral.
Foi um momento no qual aconteceu a interdisciplinaridade, creio eu, pois na
oficina participaram alunos de vários cursos da UFPel, tanto de licenciaturas
quanto de bacharelado, e todos muito envolvidos e dispostos a conhecerem melhor
a prática teatral. Sempre ao final das oficinas fazíamos uma sessão de bate
papo onde era o momento de conhecermos o curso de cada participante da oficina.
Interessante
também foi levar as crianças das escolas participantes do PIBID no teatro para
assistir a peça infantil “...e o gato não comeu[1]!”
, pois muitas crianças nunca tinham
ido a um teatro e tampouco assistido a uma peça. Os professores muitas vezes
até tentam levar os alunos para passeios, teatros, museus, mas a exemplo da
Escola Getúlio Vargas, onde são precárias as condições financeiras e também não
se consegue apoio, a situação fica difícil. Mas com o PIBID Teatro em parceria
com o PIBID Pedagogia conseguimos realizar mais uma atividade do subprojeto, a
recepção teatral.
Diferentemente dos outros colegas do PIBID, eu e a
colega Jandira, trabalhamos apenas com a Pedagogia e com os alunos das séries
iniciais. No primeiro ano do PIBID não conseguimos desenvolver um trabalho
legal na Escola Getúlio Vargas, pois o nosso foco no primeiro momento era de
monitorar o grupo de teatro da escola, já que no diagnóstico realizado ficamos
sabendo que o grupo existia a algum tempo na escola. A professora Mônica Elizabeth
Alonso Pereira Valerão é a responsável pelo grupo Metamorfose, o grupo tem aproximadamente
nove integrantes e existe dentro da Escola desde 2009. Infelizmente por
problemas de saúde a professora se afastou da escola nos impedindo de trabalhar
em conjunto com o grupo de teatro.
Pensando em se trabalhar interdisciplinarmente
o PIBD Teatro e Pedagogia no ano de 2011, foi pensado o Projeto “A Hora do
Conto”.
O Projeto “A Hora do Conto” foi uma ideia que partiu
dos pibidianos da Pedagogia Ângela Maria e Patrícia Cabral e do Teatro Jandira
Brito e Maicon Barbosa dentro do Programa PIBID, com o intuito de se trabalhar
questões importantes na formação da criança, como
o gosto pela leitura. A temática da literatura e seu ensino em sala de aula, voltado para educação com o objetivo
maior de aproximar as crianças da leitura, possibilitando o contato com as
experiências com a arte e despertar sua curiosidade para o mundo do imaginário,
da fantasia e do faz de conta.
A
importância deste projeto foi observada na medida em que, devido as faces das
dificuldades encontradas no processo de alfabetização dos alunos da turma do 1º
e 2º ano, do ensino Fundamental da EGV é que elaboramos esse projeto, como
proposta de intervenção, visando dar suporte ao trabalho do PIBID, dentro da
proposta de Contação de História, “A hora do conto” o Teatro e a Pedagogia, tinha
como objetivo um trabalho interdisciplinar, levando em consideração uma
linguagem que também oportuniza formas de manifestação que permite que a
criança utilize as diferentes formas de expressão, como a corporal, a verbal, a
visual, à escrita, entre outras; expressando suas próprias vivências e
experiências de maneira mais crítica e como isso, analisar o resultado de suas
ações interagindo de maneira eficaz no meio social em que vive.
Através
de atividades da leitura, de interpretação, um envolvimento que busca conhecer
mais seu intelecto, suas características, limites e possibilidades. Por meio da leitura e da fantasia a criança
se apropria do mundo adulto, das regras e da complexidade sócio-cultural da
sociedade a qual pertence. Uma educação de qualidade compreende o papel
fundamental do brincar, bem como as possibilidades de compor uma proposta
pedagógica que de fato promova um desenvolvimento infantil qualitativa.
O
projeto visa enriquecer o aprendizado da criança de forma significativa, visto
que, os contos transmitem mensagens e facilitam o aprendizado de regras e a
criação de hábitos; alem de contribuir aperfeiçoar e facilitar o processo de
alfabetização. Estimular e criar o hábito e o gosto pela boa leitura, o projeto
desenvolve a linguagem oral das crianças ampliando seus vocabulários
estimulando a classe a trabalhar em grupos, desenvolve atividades artísticas e
desperta a capacidade criadora ampliando seus conhecimentos.
O projeto foi realizado durante
todo o ano de 2011, no espaço denominado Sala de Distorção, constitui-se
basicamente na seguinte metodologia: a cada semana (nas segundas- feira), as
crianças reuniam-se por turma na sala de Distorção, e o grupo de pibidianos do
Teatro e da Pedagogia, realizava leitura e interpretação de histórias diversas,
com turmas de 1º e 2º anos da escola Getúlio Vargas, durante o período de 30min
com cada turma. As crianças foram estimuladas a participar das encenações das
histórias e em diferentes atividades relacionadas com elas, sendo que em cada
encontro foi contada uma história diferente. Os envolvidos no projeto foram os
alunos da Escola Municipal do Núcleo Habitacional Getúlio Vargas e o foco se
destinou as turmas de 1º e 2º ano.
O trabalho com a Pedagogia durante esses dois anos de Projeto PIBID nos
fez refletir melhor sobre a educação e também sobre a nossa prática, nos
ensinou a ter mais paciência com o trabalho e aprendemos a lidar com as
crianças que no qual não tínhamos muita experiência ainda.
Pensando
a respeito dessa reflexão e sobre trabalho interdisciplinar com a Pedagogia
relembrei das palavras do grande educador Paulo Freire quando diz:
ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, criticidade, pesquisa,
estética e ética, risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer discriminação,
reflexão sobre a prática, reconhecimento e ascensão à identidade cultural,
segurança, competência profissional, generosidade, comprometimento, autoridade,
tomada consciente de decisão, disponibilidade para o diálogo, curiosidade,
alegria, esperança, convicção que a mudança é possível e, entre outras coisas,
querer bem aos alunos. (FREIRE, 1997, p 37).
Tivemos experiências maravilhosas junto com a Pedagogia e
conseqüentemente com as crianças daquela escola. Foi gratificante, dividir o
trabalho com pessoas tão dedicadas e competentes, e muito mais importante que isso,
que amam o que fazem.
Para que nós educadores possamos desenvolver um trabalho que
atenda as diversas realidades que chegam ate nós, é necessário que sejamos
sensíveis o suficiente para sentir as necessidades dos nossos alunos
educando-os para que sejam também sensíveis de maneira que cresçam e que possam
atuar na nossa sociedade de forma crítica, conscientes de suas atitudes e
possibilidades. E que, se sintam sujeitos atuantes na transformação do meio ao
qual estão vinculados.
A arte nos ajuda muitas vezes nessa busca do sensível, mais
especificamente o teatro, área do qual conhecemos muito bem e que usamos para o
confronto com realidade escolar. A formação docente deve-se preocupar com
educadores que pensem e repensem sobre a educação e tenham consciência de que
ele não é o detentor do saber e que a troca do conhecimento tem que ser
constante.
O PIBID nos propiciou conhecermos a verdadeira escola, aquela que
está muito longe que os professores da academia idealizam e completamente fora
da realidade dos PCNs. Temos que acreditar mais na educação e não nos acomodar
e “cair no sistema”, a faculdade nos dá
a teoria, por isso penso que para enfrentarmos a realidade das nossas escolas
temos que participar de projetos de extensão que nos proporcione essa prática
da docência,não podemos deixar para quando chegar os estágios para decidirmos
se querermos realmente sermos profissionais da educação, acredito que a
prática, juntamente com a teoria, nos
dará todo o suporte necessário para quebrarmos as barreiras enfrentadas no
percurso diário da educação.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia
da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
[1] -"... e o gato não comeu!" é
um espetáculo-jogo feito para crianças. O texto foi escrito em 1995 quando
Adriano Moraes ministrava aulas de literatura e teatro para alunos do ensino
fundamental. Reflete todo um universo em que os atores brincam com as palavras
por meio do teatro. O espetáculo-jogo é regulado através da interação com os
espectadores, as crianças. São elas, as crianças, as grandes responsáveis pelo
andamento da ação dramática. Direção e Texto: Adriano Moraes. Elenco: Andrey
Rosa, Elias Pintanel, Martha Grill, Maurício Mezzomo, Maurício Rodrigues e Tai
Fernandes.
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