Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

Maicon Barbosa


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCENCIA –PIBID/CAPES
TEATRO - LICENCIATURA


RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PIBID TEATRO



O objetivo central deste relatório é apresentar o que foi desenvolvido e como foi o trabalho do PIBID Teatro nesses dois anos de desenvolvimento. O PIBID Teatro UFPel foi muito importante tanto para a minha formação acadêmica, quanto para o curso de teatro. Posso dizer que foram dois anos muito proveitosos, onde pudemos conhecer melhor o projeto, a escola e colocar em prática algumas propostas do subprojeto.
Como bolsistas do projeto tivemos a oportunidade de conhecer e discutir os PCNs de arte e também de participar de vários encontros e seminários onde foi discutida a educação.
Destaco como positivo a primeira atividade do PIBID Teatro, que foi o grupo de estudos dos PCNs, momento no qual pudemos discutir e dialogar com os colegas bolsistas e analisar o que estava escrito nos PCNs e tentar trazer para a realidade das nossas escolas.
O diagnóstico das escolas, primeira atividade realizada na escola, foi muito satisfatório, pois com o diagnóstico podemos conhecer melhor a escola na qual iríamos trabalhar e desenvolver os projetos. A Escola Municipal Getúlio Vargas, na qual fui designado a trabalhar, é uma escola muito acolhedora com profissionais bem engajados e dispostos a receber o projeto PIBID Teatro.
 O trabalho nessa escola nesses dois anos de projeto foram fundamentais para a minha formação, digo especificamente nessa Escola que como foi diagnosticado é bastante carente de recursos e localizada em um bairro muito pobre. O PIBID nos deu a possibilidade de adentrar e conhecer de fato a realidade escolar, fazendo-nos apaixonar ou odiar esse universo. Muitos colegas do PIBID com certeza pensam em nunca mais pisar e uma escola depois dessa experiência docente, outros estranharam e se assustaram com as grandes mudanças no âmbito escolar, mas que ainda acreditam que só com a educação que as mudanças ocorreram de fato. A academia nos apresenta uma escola ideal e alunos completamente diferentes da realidade, talvez seja esse o grande estranhamento e o susto que acontece com muitos acadêmicos licenciados quando vão para a escola e enfrentam essa realidade escolar. 
Também destaco como positivo os seminários que participamos ao longo do projeto, pois foram espaços de formação e conhecimento, de muito aprendizado, pois podemos dialogar com outras disciplinas os problemas enfrentados na educação. Encontros de arte do qual participamos também foram momentos únicos e de muita valia para minha formação, conhecer a realidade dos outros cursos de artes foi muito interessante. Começamos a perceber que problemas existem em todos os cursos não apenas no nosso.
O “Teatrando no PIBID”, projeto do qual participei como monitor, idealizado pelos bolsistas Hélcio Fernandes, Jandira Brito, Lídia Rosenhein, Maicon Barbosa e Tainara Urrutia, teve como objetivo propiciar aos participantes uma vivência da linguagem teatral. Destaco como sendo importantíssimo, tanto para nós monitores quanto para os acadêmicos de outros cursos que tiveram contato com a linguagem teatral. Foi um momento no qual aconteceu a interdisciplinaridade, creio eu, pois na oficina participaram alunos de vários cursos da UFPel, tanto de licenciaturas quanto de bacharelado, e todos muito envolvidos e dispostos a conhecerem melhor a prática teatral. Sempre ao final das oficinas fazíamos uma sessão de bate papo onde era o momento de conhecermos o curso de cada participante da oficina.
Interessante também foi levar as crianças das escolas participantes do PIBID no teatro para assistir a peça infantil “...e o gato não comeu[1]!” , pois muitas crianças nunca tinham ido a um teatro e tampouco assistido a uma peça. Os professores muitas vezes até tentam levar os alunos para passeios, teatros, museus, mas a exemplo da Escola Getúlio Vargas, onde são precárias as condições financeiras e também não se consegue apoio, a situação fica difícil. Mas com o PIBID Teatro em parceria com o PIBID Pedagogia conseguimos realizar mais uma atividade do subprojeto, a recepção teatral.
Diferentemente dos outros colegas do PIBID, eu e a colega Jandira, trabalhamos apenas com a Pedagogia e com os alunos das séries iniciais. No primeiro ano do PIBID não conseguimos desenvolver um trabalho legal na Escola Getúlio Vargas, pois o nosso foco no primeiro momento era de monitorar o grupo de teatro da escola, já que no diagnóstico realizado ficamos sabendo que o grupo existia a algum tempo na escola. A professora Mônica Elizabeth Alonso Pereira Valerão é a responsável pelo grupo Metamorfose, o grupo tem aproximadamente nove integrantes e existe dentro da Escola desde 2009. Infelizmente por problemas de saúde a professora se afastou da escola nos impedindo de trabalhar em conjunto com o grupo de teatro.
Pensando em se trabalhar interdisciplinarmente o PIBD Teatro e Pedagogia no ano de 2011, foi pensado o Projeto “A Hora do Conto”. O Projeto “A Hora do Conto” foi uma ideia que partiu dos pibidianos da Pedagogia Ângela Maria e Patrícia Cabral e do Teatro Jandira Brito e Maicon Barbosa dentro do Programa PIBID, com o intuito de se trabalhar questões importantes na formação da criança, como o gosto pela leitura. A temática da literatura e seu ensino em sala de aula, voltado para educação com o objetivo maior de aproximar as crianças da leitura, possibilitando o contato com as experiências com a arte e despertar sua curiosidade para o mundo do imaginário, da fantasia e do faz de conta.
A importância deste projeto foi observada na medida em que, devido as faces das dificuldades encontradas no processo de alfabetização dos alunos da turma do 1º e 2º ano, do ensino Fundamental da EGV é que elaboramos esse projeto, como proposta de intervenção, visando dar suporte ao trabalho do PIBID, dentro da proposta de Contação de História, “A hora do conto” o Teatro e a Pedagogia, tinha como objetivo um trabalho interdisciplinar, levando em consideração uma linguagem que também oportuniza formas de manifestação que permite que a criança utilize as diferentes formas de expressão, como a corporal, a verbal, a visual, à escrita, entre outras; expressando suas próprias vivências e experiências de maneira mais crítica e como isso, analisar o resultado de suas ações interagindo de maneira eficaz no meio social em que vive.
Através de atividades da leitura, de interpretação, um envolvimento que busca conhecer mais seu intelecto, suas características, limites e possibilidades.  Por meio da leitura e da fantasia a criança se apropria do mundo adulto, das regras e da complexidade sócio-cultural da sociedade a qual pertence. Uma educação de qualidade compreende o papel fundamental do brincar, bem como as possibilidades de compor uma proposta pedagógica que de fato promova um desenvolvimento infantil qualitativa.
O projeto visa enriquecer o aprendizado da criança de forma significativa, visto que, os contos transmitem mensagens e facilitam o aprendizado de regras e a criação de hábitos; alem de contribuir aperfeiçoar e facilitar o processo de alfabetização. Estimular e criar o hábito e o gosto pela boa leitura, o projeto desenvolve a linguagem oral das crianças ampliando seus vocabulários estimulando a classe a trabalhar em grupos, desenvolve atividades artísticas e desperta a capacidade criadora ampliando seus conhecimentos.
            O projeto foi realizado durante todo o ano de 2011, no espaço denominado Sala de Distorção, constitui-se basicamente na seguinte metodologia: a cada semana (nas segundas- feira), as crianças reuniam-se por turma na sala de Distorção, e o grupo de pibidianos do Teatro e da Pedagogia, realizava leitura e interpretação de histórias diversas, com turmas de 1º e 2º anos da escola Getúlio Vargas, durante o período de 30min com cada turma. As crianças foram estimuladas a participar das encenações das histórias e em diferentes atividades relacionadas com elas, sendo que em cada encontro foi contada uma história diferente. Os envolvidos no projeto foram os alunos da Escola Municipal do Núcleo Habitacional Getúlio Vargas e o foco se destinou as turmas de 1º e 2º ano.
O trabalho com a Pedagogia durante esses dois anos de Projeto PIBID nos fez refletir melhor sobre a educação e também sobre a nossa prática, nos ensinou a ter mais paciência com o trabalho e aprendemos a lidar com as crianças que no qual não tínhamos muita experiência ainda.
Pensando a respeito dessa reflexão e sobre trabalho interdisciplinar com a Pedagogia relembrei das palavras do grande educador Paulo Freire quando diz:
ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, criticidade, pesquisa, estética e ética, risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer discriminação, reflexão sobre a prática, reconhecimento e ascensão à identidade cultural, segurança, competência profissional, generosidade, comprometimento, autoridade, tomada consciente de decisão, disponibilidade para o diálogo, curiosidade, alegria, esperança, convicção que a mudança é possível e, entre outras coisas, querer bem aos alunos. (FREIRE, 1997, p 37).

Tivemos experiências maravilhosas junto com a Pedagogia e conseqüentemente com as crianças daquela escola. Foi gratificante, dividir o trabalho com pessoas tão dedicadas e competentes, e muito mais importante que isso, que amam o que fazem.
Para que nós educadores possamos desenvolver um trabalho que atenda as diversas realidades que chegam ate nós, é necessário que sejamos sensíveis o suficiente para sentir as necessidades dos nossos alunos educando-os para que sejam também sensíveis de maneira que cresçam e que possam atuar na nossa sociedade de forma crítica, conscientes de suas atitudes e possibilidades. E que, se sintam sujeitos atuantes na transformação do meio ao qual estão vinculados.
A arte nos ajuda muitas vezes nessa busca do sensível, mais especificamente o teatro, área do qual conhecemos muito bem e que usamos para o confronto com realidade escolar. A formação docente deve-se preocupar com educadores que pensem e repensem sobre a educação e tenham consciência de que ele não é o detentor do saber e que a troca do conhecimento tem que ser constante.
O PIBID nos propiciou conhecermos a verdadeira escola, aquela que está muito longe que os professores da academia idealizam e completamente fora da realidade dos PCNs. Temos que acreditar mais na educação e não nos acomodar e “cair no sistema”, a  faculdade nos dá a teoria, por isso penso que para   enfrentarmos a realidade das nossas escolas temos que participar de projetos de extensão que nos proporcione essa prática da docência,não podemos deixar para quando chegar os estágios para decidirmos se querermos realmente sermos profissionais da educação, acredito que a prática, juntamente com  a teoria, nos dará todo o suporte necessário para quebrarmos as barreiras enfrentadas no percurso diário da educação.

REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.


[1] -"... e o gato não comeu!" é um espetáculo-jogo feito para crianças. O texto foi escrito em 1995 quando Adriano Moraes ministrava aulas de literatura e teatro para alunos do ensino fundamental. Reflete todo um universo em que os atores brincam com as palavras por meio do teatro. O espetáculo-jogo é regulado através da interação com os espectadores, as crianças. São elas, as crianças, as grandes responsáveis pelo andamento da ação dramática. Direção e Texto: Adriano Moraes. Elenco: Andrey Rosa, Elias Pintanel, Martha Grill, Maurício Mezzomo, Maurício Rodrigues e Tai Fernandes.

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