Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

João Ieffet

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
TEATRO-LICENCIATURA

Coordenação: Fabiane Tejada da Silveira
Acadêmico: João Vitor Ieffet de Moura

Introdução

Minhas experiências com docência começaram há mais de dez anos e desde então reforço a necessidade de estar sempre em contato com novas técnicas e constante aperfeiçoamento. Para mim, ser professor é muito mais do que simplesmente repassar conhecimento. Significa ter a oportunidade de estar inserido em diversas culturas e vivências e ter a possibilidade de construir uma nova realidade, melhor e mais justa. Portanto, participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) me proporcionou um grande aprendizado para trabalhar na educação básica pública, já que o contato com professores experientes é evidente e engrandecedor.
Logo que, comecei minhas atividades como Pibidiano, fui encaminhado para a Escola Estadual Nossa Senhora de Lourdes (Lourdinha). Juntamente com a colega de curso Laura Bragamonte, proporcionamos durante o 2º. Semestre de 2011, aulas/oficinas de teatro na escola, nas segundas e quintas feiras. Nossos encontros contavam com várias atividades como: exercícios de relaxamento, além de preparação vocal e corporal e jogos teatrais. Conforme Courtney (1980, p. 4),
Tanto em nossa educação quanto em nosso lazer precisamos cultivar o “homem total” e nos concentrarmos nas habilidades criativas do ser humano. A imaginação dramática deve ser ajudada e assistida por todos os métodos modernos de educação.

Desta forma, o objetivo da proposta foi de possibilitar a criação de um espaço de sensibilização, expressão e autoconhecimento, numa metodologia integrativa entre linguagem corporal e cênica, buscando favorecer a elevação da autoestima, com respeito aos limites de cada aluno. Vale lembrar que as atividades também serviram de fomento, inspiração e possibilidade de ampliação da gama de conhecimento prático no dia-a-dia dos alunos.
No decorrer dos nossos encontros com as coordenadoras, foram feitas leituras e debates de textos. Também assistimos a palestra da professora Nara Kaisermann, que abordou temas de suma importância para a nossa formação acadêmica.

Viagem

No mês de Setembro de 2011, o Pibid nos proporcionou também a viagem ao Porto Alegre em Cena. Na ocasião assisti três espetáculos como: “A Flauta Mágica” (Une Flûte Enchantée) sob a Direção de Peter Brook. Esta que nos deu uma eficácia cênica comovente através da ópera de Mozart; “A Última Gravação de Krapp” (Krapp´s last Tape) onde Bob Wilson vivenciou o texto de Beckett, e a estética do seu teatro absoluto; “Medéia” (Médée) esta que me emocionou com os cânticos ritualísticos dos africanos, dirigido por Jean-Louis Martinelli, à história de Eurípedes ofereceu um espetáculo de rara força cênica e encantamento.
Participei da Palestra sobre o grupo TAPA que comemorava 32 anos de teatro, foi ministrado por seu diretor e fundador Eduardo Tolentino, foi engrandecedor conhecer o trabalho desta Cia. e suas experiências ao longo destes anos.
Apreciei no Centro Cultural CEEE, um curta-metragem (Direção de Dani Israel e Pedro Marques) que narrava através de depoimentos à vida e obras de Ivo Bender. Amigos, artistas, companheiros de jornadas artísticas deram-lhe este presente intitulado Entrenós.
No dia em que comemorava seus 4 anos de existência, o Grupo Mototóti, apresentou-nos no Parque Farroupilha seu trabalho “I-Mundo”, dirigido por Juliana Kersting, o espetáculo abordou assuntos como nossa relação com a água, lixo e corrida pelo dinheiro. Segundo Desgranges (2006, p. 96),
Ver espetáculos teatrais de qualidade, em consonância com a experimentação do grupo, re-alimenta a investigação da linguagem. Assim, a ida ao teatro aliada à prática do Jogo Dramático em oficina, aprimora nos participantes tanto a apreciação estética, formando-os enquanto espectadores, quanto à capacidade expressiva, estimulando suas possibilidades de construção de discursos cênicos cada vez mais apurados.

Através disso, certifico que, quando nos deparamos frente a espetáculos surpreendentes, belos, e incríveis, estes nos ajudam a crescer, a criar, a aprender cada vez mais como artistas e educadores.
Eu aluno e espectador fui tragado em um mundo onde a realidade e fantasia se confundiram em minha mente.

Atividade Disciplinar Escolar

No decorrer dos encontros, montamos a Esquete de Dança/Teatro “Conte-me”. História essa que abordou a temática “Amor”, baseada no texto de Ruben Barcellos, encerramos com esta, o ciclo das aulas ministradas durante o semestre, na escola. 
A escola Nossa Senhora de Lourdes completou mais um aniversário no dia 18 de Novembro. Neste dia ocorreram várias atividades em que alunos, professores e comunidade em geral puderam prestigiar e participar de forma interativa. O Grupo de Teatro da escola apresentou a Esquete. O trabalho foi muito bem aceito pelo público. Houve elogios aos figurinos, à estética do cenário e à forma como foi abordado o tema em questão. A peça foi apresentada em dois horários, pela manhã às 10 horas e à tarde, às 16 horas. Pela primeira vez as alunas da escola, experimentaram o contato com os espectadores, e ficaram muito felizes com o resultado. A direção da peça ficou a cargo dos Pibidianos do Teatro (Eu e minha colega).

Atividade Interdisciplinar Escolar

  Realizamos também na Escola uma atividade interdisciplinar. A acadêmica pibidiana de Letras, Graziela Solidário, após uma conversa com a professora de Literatura da escola, esta que já estava trabalhando com seus alunos o Texto de Gil Vicente “O Auto da Barca do Inferno”, recebeu a solicitação para desenvolver uma atividade abordando a obra, esta atividade deveria ser apresentada por meio de teatro, segundo a professora, certamente chamaria mais a atenção dos alunos.
Pesquisas foram feitas pela bolsista, e em uma de nossas reuniões na escola com os demais pibidianos das outras áreas, Graziela comentou que daria início a esse  trabalho, logo, me pronunciei dizendo que colegas meus de Curso haviam apresentando um Teatro/Seminário sobre o Auto da Barca. Surgiu, então, a oportunidade de Teatro e Letras trabalharem juntos nessa atividade. A convite, os acadêmicos do Teatro, Francisco D`ávila e Sirlei Karczeski, se propuseram a apresentar seu trabalho para os alunos da escola Lourdinha.
A primeira apresentação ocorreu no turno da noite, e no dia Dezoito de Outubro para duas turmas de primeiros anos o Teatro/Seminário foi apresentado. A segunda apresentação ocorreu na manhã do dia Oito de Novembro, com duas apresentações, também para outras turmas de primeiros anos. A terceira atividade foi no dia Dezoito de Novembro, em comemoração ao aniversário da Escola, que contou com a presença de várias turmas, tanto pela manhã como pela tarde e público em geral.
Conforme os meus colegas idealizadores deste Teatro/Seminário da obra de Gil Vicente “O Auto da Barca do Inferno”, a proposta surgiu a partir da necessidade de fazer algo diferente e menos maçante do que um seminário normal. Decidiram usar o que aprenderam nas disciplinas práticas e aplicar em uma disciplina teórica. A dificuldade foi elaborar um seminário para que não se tornasse uma peça teatral, pois a intenção não era essa. Não podiam fugir da proposta que era dar um seminário sobre a vida, a obra, o contexto histórico e tudo o que envolvia o autor. O mais importante não era a atuação, mas sim, proporcionar o entendimento da obra do autor aos espectadores. 
No entender das professoras engajadas no projeto da escola, a atividade foi considerada muito boa, pois os alunos costumavam reclamar do texto, dizendo que não entendiam o que Gil Vicente queria dizer e que era uma linguagem difícil. Como a peça foi adaptada a uma linguagem mais acessível, com vistas a facilitar a compreensão da obra, fato que chegou ao conhecimento dos alunos, acabou sendo um modo divertido de aprender um conteúdo literário considerado de difícil compreensão. Por essa razão, entendemos que a atividade foi bem sucedida, atingindo os objetivos programados.

Conclusão

O fato de já ter ministrado aulas em áreas afins me motiva a desejar aprender mais para continuar na área da docência, com Teatro. O Pibid me proporcionou experiências extracurriculares, com ênfase na atuação prática, voltada às técnicas e aplicações desenvolvidas em sala de aula. Estar preparado para atuar na educação básica significa aperfeiçoar-se para contribuir com a promoção do crescimento pessoal do aluno, independente de idade ou posição social. O processo de acompanhamento da evolução do aluno não tem preço, portanto, cabe ao professor à tarefa de buscar atividades que lhe qualifiquem e o ponham em contato com novas metodologias e qualificações.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro e Pensamento. Tradução Karen A. Muller e Silvana Garcia. São Paulo, Perspectiva, 1980.

DESGRANGES, Flávio. Pedagogia do Teatro. São Paulo: Editora Hucitec: Edições Mandacaru, 206.



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