UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
TEATRO-LICENCIATURA
Coordenação: Fabiane Tejada da
Silveira
Acadêmico: João Vitor Ieffet de Moura
Introdução
Minhas experiências com
docência começaram há mais de dez anos e desde então reforço a necessidade de
estar sempre em contato com novas técnicas e constante aperfeiçoamento. Para
mim, ser professor é muito mais do que simplesmente repassar conhecimento.
Significa ter a oportunidade de estar inserido em diversas culturas e vivências
e ter a possibilidade de construir uma nova realidade, melhor e mais justa.
Portanto, participar do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid) me proporcionou um grande aprendizado para trabalhar na
educação básica pública, já que o contato com professores experientes é
evidente e engrandecedor.
Logo que, comecei minhas
atividades como Pibidiano, fui encaminhado para a Escola Estadual Nossa Senhora
de Lourdes (Lourdinha). Juntamente com a colega de curso Laura Bragamonte,
proporcionamos durante o 2º. Semestre de 2011, aulas/oficinas
de teatro na escola, nas segundas e quintas feiras. Nossos encontros contavam
com várias atividades como: exercícios de relaxamento, além de preparação vocal
e corporal e jogos teatrais. Conforme Courtney (1980, p. 4),
Tanto em nossa educação quanto em nosso lazer
precisamos cultivar o “homem total” e nos concentrarmos nas habilidades
criativas do ser humano. A imaginação dramática deve ser ajudada e assistida
por todos os métodos modernos de educação.
Desta
forma, o objetivo da proposta foi de possibilitar
a criação de um espaço de sensibilização, expressão e autoconhecimento, numa metodologia
integrativa entre linguagem corporal e cênica, buscando favorecer a elevação da
autoestima, com respeito aos limites de cada aluno. Vale lembrar que as
atividades também serviram de fomento, inspiração e possibilidade de ampliação
da gama de conhecimento prático no dia-a-dia dos alunos.
No decorrer dos nossos
encontros com as coordenadoras, foram feitas leituras e debates de textos.
Também assistimos a palestra da professora Nara Kaisermann, que abordou temas
de suma importância para a nossa formação acadêmica.
Viagem
No mês de
Setembro de 2011, o Pibid nos proporcionou também a viagem ao Porto Alegre em
Cena. Na ocasião assisti três espetáculos como: “A Flauta Mágica” (Une Flûte Enchantée) sob a Direção de
Peter Brook. Esta que nos deu uma eficácia cênica comovente através da ópera de
Mozart; “A Última Gravação de Krapp” (Krapp´s last Tape) onde Bob Wilson
vivenciou o texto de Beckett, e a estética do seu teatro absoluto; “Medéia”
(Médée) esta que me emocionou com os cânticos ritualísticos dos africanos,
dirigido por Jean-Louis Martinelli, à história de Eurípedes ofereceu um espetáculo de
rara força cênica e encantamento.
Participei da Palestra sobre o grupo TAPA que
comemorava 32 anos de teatro, foi ministrado por seu diretor e fundador Eduardo
Tolentino, foi engrandecedor conhecer o trabalho desta Cia. e suas experiências
ao longo destes anos.
Apreciei no Centro Cultural CEEE, um curta-metragem
(Direção de Dani
Israel e Pedro Marques) que narrava através de depoimentos à vida e obras de
Ivo Bender. Amigos, artistas, companheiros de jornadas artísticas deram-lhe
este presente intitulado Entrenós.
No dia em que comemorava
seus 4 anos de existência, o Grupo Mototóti, apresentou-nos no Parque
Farroupilha seu trabalho “I-Mundo”, dirigido por Juliana Kersting, o espetáculo
abordou assuntos como nossa relação com a água, lixo e corrida pelo dinheiro. Segundo Desgranges
(2006, p. 96),
Ver
espetáculos teatrais de qualidade, em consonância com a experimentação do
grupo, re-alimenta a investigação da linguagem. Assim, a ida ao teatro aliada à
prática do Jogo Dramático em oficina, aprimora nos participantes tanto a
apreciação estética, formando-os enquanto espectadores, quanto à capacidade
expressiva, estimulando suas possibilidades de construção de discursos cênicos
cada vez mais apurados.
Através disso, certifico
que, quando nos deparamos frente a espetáculos surpreendentes, belos, e
incríveis, estes nos ajudam a crescer, a criar, a aprender cada vez mais como
artistas e educadores.
Eu aluno e espectador fui
tragado em um mundo onde a realidade e fantasia se confundiram em minha mente.
Atividade
Disciplinar Escolar
No decorrer dos encontros, montamos a Esquete de
Dança/Teatro “Conte-me”. História essa que abordou a temática “Amor”, baseada no texto de Ruben Barcellos, encerramos com esta, o ciclo das aulas
ministradas durante o semestre, na escola.
A escola Nossa Senhora de Lourdes completou mais um aniversário no dia
18 de Novembro. Neste dia ocorreram várias atividades em que alunos,
professores e comunidade em geral puderam prestigiar e participar de forma
interativa. O Grupo de Teatro da escola apresentou a Esquete. O trabalho foi
muito bem aceito pelo público. Houve elogios aos figurinos, à estética do
cenário e à forma como foi abordado o tema em questão. A peça foi apresentada
em dois horários, pela manhã às 10 horas e à tarde, às 16 horas. Pela primeira
vez as alunas da escola, experimentaram o contato com os espectadores, e
ficaram muito felizes com o resultado. A direção da peça ficou a cargo dos
Pibidianos do Teatro (Eu e minha colega).
Atividade Interdisciplinar Escolar
Realizamos também na Escola uma
atividade interdisciplinar. A acadêmica pibidiana de Letras, Graziela
Solidário, após uma conversa com a professora de Literatura da escola, esta que
já estava trabalhando com seus alunos o Texto de Gil Vicente “O Auto da Barca
do Inferno”, recebeu a solicitação para desenvolver uma atividade abordando a
obra, esta atividade deveria ser apresentada por meio de teatro, segundo a
professora, certamente chamaria mais a atenção dos alunos.
Pesquisas foram feitas
pela bolsista, e em uma de nossas reuniões na escola com os demais pibidianos
das outras áreas, Graziela comentou que daria início a
esse trabalho, logo, me pronunciei dizendo que colegas meus de Curso
haviam apresentando um Teatro/Seminário sobre o Auto da Barca. Surgiu, então, a
oportunidade de Teatro e Letras trabalharem juntos nessa atividade. A convite,
os acadêmicos do Teatro, Francisco D`ávila e Sirlei Karczeski, se propuseram a
apresentar seu trabalho para os alunos da escola Lourdinha.
A primeira apresentação
ocorreu no turno da noite, e no dia Dezoito de Outubro para duas turmas de
primeiros anos o Teatro/Seminário foi apresentado. A segunda apresentação
ocorreu na manhã do dia Oito de Novembro, com duas apresentações, também para outras
turmas de primeiros anos. A terceira atividade foi no dia Dezoito de Novembro,
em comemoração ao aniversário da Escola, que contou com a presença de várias
turmas, tanto pela manhã como pela tarde e público em geral.
Conforme os meus colegas idealizadores
deste Teatro/Seminário da obra de Gil Vicente “O
Auto da Barca do Inferno”, a proposta surgiu a partir da necessidade de fazer
algo diferente e menos maçante do que um seminário normal. Decidiram usar
o que aprenderam nas disciplinas práticas e aplicar em uma disciplina teórica.
A dificuldade foi elaborar um seminário para que não se tornasse uma peça
teatral, pois a intenção não era essa. Não podiam fugir da proposta que era dar
um seminário sobre a vida, a obra, o contexto histórico e tudo o que envolvia o
autor. O mais importante não era a atuação, mas sim, proporcionar o entendimento
da obra do autor aos espectadores.
No
entender das professoras engajadas no projeto da escola, a atividade foi
considerada muito boa, pois os alunos costumavam reclamar do texto, dizendo que
não entendiam o que Gil Vicente queria dizer e que era uma linguagem difícil.
Como a peça foi adaptada a uma linguagem mais acessível, com vistas a facilitar
a compreensão da obra, fato que chegou ao conhecimento dos alunos, acabou sendo
um modo divertido de aprender um conteúdo literário considerado de difícil
compreensão. Por essa razão, entendemos que a atividade foi bem sucedida,
atingindo os objetivos programados.
Conclusão
O fato de já ter
ministrado aulas em áreas afins me motiva a desejar aprender mais para
continuar na área da docência, com Teatro. O Pibid me proporcionou experiências
extracurriculares, com ênfase na atuação prática, voltada às técnicas e
aplicações desenvolvidas em sala de aula. Estar preparado para atuar na
educação básica significa aperfeiçoar-se para contribuir com a promoção do
crescimento pessoal do aluno, independente de idade ou posição social. O
processo de acompanhamento da evolução do aluno não tem preço, portanto, cabe
ao professor à tarefa de buscar atividades que lhe qualifiquem e o ponham em
contato com novas metodologias e qualificações.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COURTNEY, Richard. Jogo, Teatro e
Pensamento. Tradução Karen A. Muller e Silvana Garcia. São Paulo, Perspectiva,
1980.
DESGRANGES, Flávio. Pedagogia do
Teatro. São Paulo: Editora Hucitec: Edições Mandacaru, 206.
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