UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA
INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
PIBID/CAPES/UFPEL
– HUMANIDADES INCENTIVANDO A DOCÊNCIA
RELATÓRIO INDIVIDUAL – PIBID – JANDIRA
BRITO
Gostaria
de iniciar meu relatório com essa reflexão: “Educar significa introduzir a
cunha da diferença em um mundo que sem ela se limitaria a reproduzir o igual e
o idêntico, um mundo parado, um mundo morto” (Tomaz Tadeu da Silva). Tal
reflexão se faz muito presente nessa sociedade moderna.
A sociedade atual vive momentos de
transformações importantes no que tange a educação do sensível. E o autor
Duarte Júnior 2006, nos atenta que é um
território vasto, e que sem dúvida alguma, não deve estar afastado da arte.
Esse elo nos coloca nos domínios da educação estésica (ou educação do
sensível). Esse elo, sensibilidade e arte caminham juntos e mesmo com as
evoluções presentes, não se pode separar uma da outra. E que mesmo com essa
“aliança” fortalecida pelo conhecimento, às vezes nos defrontamos como os
domínios da educação estésica ou educação do insensível e ficamos paralisados
sem saber o que fazer. Educar não é nunca foi e nunca será uma tarefa fácil.
Isso requer dedicação, paciência, amor e acima de tudo respeito.
Em seu livro A Montanha e o Videogame Duarte Júnior 2010, fala das
transformações, das quais estamos sujeitos. O olhar, os comportamentos das
pessoas não são mais os mesmos. De alguma maneira, perdemos a sensibilidade das
coisas que estão ao nosso redor. Comenta: “montanha e videogame, isto é, o
confronto entre uma infância e uma adolescência cuja educação corporal se deu
com jogos de rua, caminhadas, e a outra, passada em frente de telas de
videogame e televisão...” Hoje a realidade é outra! Talvez até mais complicada,
porque se antes, aonde só havia vídeo game e televisão, a concorrência é bem
mais acirrada, quando percebemos que além desses dois eletrônicos, há também
computador, câmeras digitais, mp4, smartphone, celular, face, internet, tablet
etc. Cada vez mais se inventa algo mais avançado para conquista a atenção das
crianças e adolescentes. “E com isso os jovens cada vez menos terá o prazer de
sair de sua “zona” de conforto para se socializar com a natureza e desfrutar de
uma qualidade de vida mais sadia e prazerosa”.
A
educação (do) Sensível e o Mundo Contemporâneo.
Essa
incapacidade que o ser humano vem tendo de não sentir, de não se comover diante
de tantos acontecimentos que ocorrem no mundo, faz pensar e refletir muito em
relação a esse assunto. Tudo isso influi refletindo nas nossas escolhas, seja na
área pessoal, profissional ou afetiva. Não consigo entender qual foi o momento em que
a humanidade se deixou contaminar por tantos preceitos banais, perdendo sua
sensibilidade nesta pós-modernidade conturbada.
O
PIBID - Teatro surgiu ou atuou com essa visão do saber sensível, do algo
inesperado e transformador. O programa desde o seu início foi muito complexo, e por esse motivo requereria por parte de seus
bolsistas, muita sensibilidade para melhor compreendê-lo em toda sua
totalidade. Foram tantos estudos, como por exemplo, LDB
9394/96, PCNs etc. Aos poucos fomos envolvidos e quando menos esperávamos lá estávamos
dentro das escolas e foi nesse momento que o PIBID se revelou concretamente com
todos os desafios possíveis que se possa imaginar. Houve momentos que a vontade
mesmo era de jogar tudo por “alto” e desistir. Havia muitas questões e dúvidas
e o pensamento que pairava no “ar” era de que nada daria certo, porque na
teoria era uma “coisa” e na prática outra bem diferente.
Estava
então lançada a “pedra filosofal” PIBID. Num bom sentido é claro! Compreendendo
que a pedra filosofal no dicionário, segundo os alquimistas, transformava metal
em ouro, e isso não era o propósito do Programa, transformar a educação em uma
unidade única, numa receita a ser seguida. Mas para o meu maior entendimento sobre a Pedra Filosofal, acessando o site “A casa do
aprendiz”[1],
soube também que a pedra filosofal consiste no “conhecimento e reconhecimento
dos segredos da sabedoria universal.” Em razão desse conhecimento é que o PIBID
vem com o objetivo de uma educação mais justa e eficaz para a evolução dos
alunos e das escolas das quais fazem parte.
É
compreensível que não precisamos ser nenhum alquimista para refletir sobre o
conhecimento e reconhecimento dos segredos da educação em nosso País. Mas que
precisamos sim, de uma fórmula ou forma de como “promover” uma educação de
qualidade, que leve e eleve a auto-estima de cada aluno, o hábito pela leitura,
a inclusão social, o trabalho em grupo, o amor pela escola, por si mesmo, pelos
colegas, professores, etc. Fazer da escola uma extensão da vida, tanto quanto
aluno ou futuros profissionais. Com essa concepção, penso que esse é o caminho
de poder fazer o renascimento da educação nas escolas brasileiras, de diversos
cursos e que essa junção possa de fato, estabelecer a troca de conhecimento se
apropriando do saber de uma maneira mais positiva e abrangente.
E
ali estávamos o grupo selecionado PIBID (teatro), reunidos numa sala, de início
não sei se os colegas ficaram confusos, mas eu fiquei. Pois eram tantas
informações e reuniões e o meu desejo mesmo era de colocar a mão na “massa” com
todo respeito, queria ir logo para as escolas, trocar experiências, enriquecer
meu vocábulo, desmitificar os mitos de que as escolas estavam tomadas pela
violência, etc. Não que essa “tal” violência não existisse, mas acredito que com cautela, carinho, “desarmada” e com muito diálogo
consigamos aos poucos reverter situações de conflitos.
O
PIBID em seu primeiro momento foi fundamentado nos estudos dos PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) em Arte, e da LDB (Lei de Diretrizes de Base), esses
documentos foram de uma essencialidade que só mais tarde pude compreender sua
importância nas leituras e discussões nas reuniões de área. Depois de muito estudo,
fomos enviados as escolas para o trabalho prático. Jandira essa que vos
escrever e o colega Maicon Barbosa, formaram a dupla que foram enviados para a
Escola Getúlio Vargas que fica no Bairro cuja nomenclatura é o mesmo,
localizado na cidade de Pelotas - RS. Não foi uma notícia muito agradável,
tendo em vista que já havia chegado aos nossos ouvidos referências nada boa do
referido ambiente de ensino e da própria localidade. Mais uma vez me
ocorreu de não ir, mas o meu desejo de
querer mudar essa imagem que as pessoas têm das escolas, ainda que uma pequena mudança,
foi mais forte e então segui em frente.
Minha
primeira impressão na escola foi de surpresa e toda aquela carga de medo,
terror e ansiedade que trazia comigo, caiu por terra. Começando pela direção da
escola que nos recebeu com tanto carinho e respeito. É bom ressaltar que nosso
trabalho foi desenvolvido junto com o Curso de Pedagogia, fato que me orgulha
muito ter dividido essa experiência pedagogicamente com o universo infantil, me
utilizando de todos os recursos das operações matemáticas, na construção de uma
relação interpessoal, de aprendizagem, na troca de conhecimento entre Teatro e
Pedagogia. Somar ideias ao invés de dividi-las, multiplicar os esforços para
que todos os pibidianos juntos interagissem numa atividade
interdisciplinar.
Ter
passado por esse programa foi uma experiência valiosa e produtiva para mim.
Penso que se já estivesse existindo há mais tempo, nós e muitos outros futuros
professores sairiam mais fortalecidos e sabidos do que realmente queremos
ser. Hoje estou escrevendo este
relatório com um vazio imenso, em saber que o meu tempo no PIBID está chegando
ao fim. Levo a certeza de uma auto-reflexão da Jandira de antes e depois do PIBID.
Tudo que aprendi foi de uma lição maravilhosa e ficará guardando com muito
carinho na minha vida. O aprendizado veio de toda parte por todos os lados, tanto
como professora, aluna, espectadora, ouvinte etc. Enche-me de alegria o coração
saber que fiz parte do PIBID, de poder ter tido o prazer de conviver com
profissionais tão capacitados e respeitosos como foram o quadro de docentes que
encontrei na “minha” escola e de ter como coordenadoras e supervisora pessoas íntegras,
dotadas de conhecimento, humildade, companheirismo, sempre dispostas ao
diálogo.
Aprendi
que dificuldade sempre haverá pela frente, mas acredito também que com calma,
seriedade, amor, respeito pelo próximo culminará em resultados satisfatórios e
concretos. Este programa veio para nos ensinar, aprender, derrubar barreiras, ter
conquistas, confiança, paciência, curiosidade, observação e saber que podemos
no futuro bem próximo nos tornar profissionais de qualidade e competência.
Um
brinde ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência), um
brinde aos bolsistas que juntos fizeram parte de um grande avanço na educação
brasileira. Um brinde ao Teatro, as suas habilidades e competências não tão
somente no fazer artístico, mas em sua apreciação sócio-histórico-cultural. E
que nós licenciados tenhamos plena certeza de estarmos capacitados para
desenvolver as atividades de acordo com suas especificidades escolhidas.
Ainda
acho
graça quando recordo das reuniões de área (teatro), em que o foco maior
era se discutir e entender o que era interdisciplinaridade. Eram tantas
as
dúvidas e incertezas que surgiam que, às vezes, ficava difícil mesmo de
compreender alguma coisa. Somente quando somei as leituras de alguns
livros, artigos,
pesquisas, seminários, congressos, palestras que enfim, consegui captar
informações mais contundentes em relação à Interdisciplinaridade. E
conclui que
nada mais é do que um trabalho de integração de disciplinas.
É
tão simples assim, sim! O conhecimento está ai e precisa ser compartilhado,
repartido com outras áreas. É por isso que existe o PIBID. Veio com essa
finalidade de unir as disciplinas numa atividade interdisciplinar em que
licenciados, professores, alunos e supervisores de outras áreas estejam
voltados para um só objetivo, compartilhar o saber, com o propósito maior e
específico para o trabalhado do futuro docente, propiciando aos bolsistas e
demais colegas, oportunidades de aprendizagem nas escolas, ampliando conhecimentos
no convívio diário com alunos e bolsistas de outras áreas. O contato com a sala
de aula, com a direção, tudo isso seria compartilhado e vivenciado, estabelecendo
um diálogo próprio e proveitoso entre os envolvidos no programa. Paralelo ao
programa existe o Subprojeto de Teatro fundamentado na LDB de 1996 com
orientações para o desenvolvimento das atividades, que tornou obrigatório o
ensino de Arte em todos os níveis da educação básica no Brasil, também contamos
com documentos para uma orientação teórica, os PCNs para o Ensino Fundamental e
Médio que direciona o ensino de arte no País e o Projeto Pedagógico do Curso de
Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas.
O projeto político pedagógico do curso de Teatro - Licenciatura relata o
seguinte: Os Licenciados em
Teatro têm como objetivo proporcionar, aprofundar e ampliar os conhecimentos
teóricos, as vivências práticas nas áreas de atuação, tendo em vista o ensino
de arte em todos os seus aspectos abrangentes a disciplina. Se apropriando da
realidade escolar para possível melhoria das condições do ensino de arte nas
instituições escolares de ensino público. Estabelecendo um elo de
relações, diálogo no fazer, apreciar e contextualizar o teatro como uma
linguagem, um campo vasto para cultura social, possuidor de elementos e
conteúdos próprios, possíveis de serem aprendidos, compreendidos, refletidos,
experienciados e ensinados nas atividades interdisciplinares e específicas.
1
Comissão de Estudos para a criação do Curso de Teatro – Licenciatura, Portaria
nº 672 de 7 de junho de
2006,
composta pelos professores: Ana Lúcia Costa de Oliveira, Álvaro Luiz Moreira
Hypólito, Armando de Oliveira Cruz, Carmen Lúcia Abadie Biasoli, Fabiane Tejada
da Silveira e Úrsula Rosa da Silva.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Francisco. Pedra Filosofal:
Disponível: http://www.acasadoaprendiz.com.br/pedrafilosofal. Acesso
em:14 de fevereiro de 2012.
DUARTE
JR, João Francisco. A Montanha e o
Videogame: escritos sobre educação. Campinas, SP: Papirus, 2010.
FERNANDES.
Francisco, LUFT. Celso Pedro, GUIMARÃES. F. Marques: Dicionário Brasileiro Globo – 33. Ed. –
– Paulo: Globo,
1993.
[1] http://www.acasadoaprendiz.com.br/pedrafilosofal.
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