Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

Jandira Brito



UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA
PIBID/CAPES/UFPEL – HUMANIDADES INCENTIVANDO A DOCÊNCIA

RELATÓRIO INDIVIDUAL – PIBID – JANDIRA BRITO

            Gostaria de iniciar meu relatório com essa reflexão: “Educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo que sem ela se limitaria a reproduzir o igual e o idêntico, um mundo parado, um mundo morto” (Tomaz Tadeu da Silva). Tal reflexão se faz muito presente nessa sociedade moderna.
            A sociedade atual vive momentos de transformações importantes no que tange a educação do sensível. E o autor Duarte Júnior 2006, nos atenta que é um território vasto, e que sem dúvida alguma, não deve estar afastado da arte. Esse elo nos coloca nos domínios da educação estésica (ou educação do sensível). Esse elo, sensibilidade e arte caminham juntos e mesmo com as evoluções presentes, não se pode separar uma da outra. E que mesmo com essa “aliança” fortalecida pelo conhecimento, às vezes nos defrontamos como os domínios da educação estésica ou educação do insensível e ficamos paralisados sem saber o que fazer. Educar não é nunca foi e nunca será uma tarefa fácil. Isso requer dedicação, paciência, amor e acima de tudo respeito.
 Em seu livro A Montanha e o Videogame Duarte Júnior 2010, fala das transformações, das quais estamos sujeitos. O olhar, os comportamentos das pessoas não são mais os mesmos. De alguma maneira, perdemos a sensibilidade das coisas que estão ao nosso redor. Comenta: “montanha e videogame, isto é, o confronto entre uma infância e uma adolescência cuja educação corporal se deu com jogos de rua, caminhadas, e a outra, passada em frente de telas de videogame e televisão...” Hoje a realidade é outra! Talvez até mais complicada, porque se antes, aonde só havia vídeo game e televisão, a concorrência é bem mais acirrada, quando percebemos que além desses dois eletrônicos, há também computador, câmeras digitais, mp4, smartphone, celular, face, internet, tablet etc. Cada vez mais se inventa algo mais avançado para conquista a atenção das crianças e adolescentes. “E com isso os jovens cada vez menos terá o prazer de sair de sua “zona” de conforto para se socializar com a natureza e desfrutar de uma qualidade de vida mais sadia e prazerosa”.
            A educação (do) Sensível e o Mundo Contemporâneo.
Essa incapacidade que o ser humano vem tendo de não sentir, de não se comover diante de tantos acontecimentos que ocorrem no mundo, faz pensar e refletir muito em relação a esse assunto. Tudo isso influi refletindo nas nossas escolhas, seja na área pessoal, profissional ou afetiva.  Não consigo entender qual foi o momento em que a humanidade se deixou contaminar por tantos preceitos banais, perdendo sua sensibilidade nesta pós-modernidade conturbada.
O PIBID - Teatro surgiu ou atuou com essa visão do saber sensível, do algo inesperado e transformador. O programa desde o seu início foi muito complexo, e por esse motivo requereria por parte de seus bolsistas, muita sensibilidade para melhor compreendê-lo em toda sua totalidade. Foram tantos estudos, como por exemplo, LDB 9394/96, PCNs etc. Aos poucos fomos envolvidos e quando menos esperávamos lá estávamos dentro das escolas e foi nesse momento que o PIBID se revelou concretamente com todos os desafios possíveis que se possa imaginar. Houve momentos que a vontade mesmo era de jogar tudo por “alto” e desistir. Havia muitas questões e dúvidas e o pensamento que pairava no “ar” era de que nada daria certo, porque na teoria era uma “coisa” e na prática outra bem diferente.
Estava então lançada a “pedra filosofal” PIBID. Num bom sentido é claro! Compreendendo que a pedra filosofal no dicionário, segundo os alquimistas, transformava metal em ouro, e isso não era o propósito do Programa, transformar a educação em uma unidade única, numa receita a ser seguida. Mas para o meu maior entendimento sobre a Pedra Filosofal, acessando o site “A casa do aprendiz”[1], soube também que a pedra filosofal consiste no “conhecimento e reconhecimento dos segredos da sabedoria universal.” Em razão desse conhecimento é que o PIBID vem com o objetivo de uma educação mais justa e eficaz para a evolução dos alunos e das escolas das quais fazem parte.
É compreensível que não precisamos ser nenhum alquimista para refletir sobre o conhecimento e reconhecimento dos segredos da educação em nosso País. Mas que precisamos sim, de uma fórmula ou forma de como “promover” uma educação de qualidade, que leve e eleve a auto-estima de cada aluno, o hábito pela leitura, a inclusão social, o trabalho em grupo, o amor pela escola, por si mesmo, pelos colegas, professores, etc. Fazer da escola uma extensão da vida, tanto quanto aluno ou futuros profissionais. Com essa concepção, penso que esse é o caminho de poder fazer o renascimento da educação nas escolas brasileiras, de diversos cursos e que essa junção possa de fato, estabelecer a troca de conhecimento se apropriando do saber de uma maneira mais positiva e abrangente.
E ali estávamos o grupo selecionado PIBID (teatro), reunidos numa sala, de início não sei se os colegas ficaram confusos, mas eu fiquei. Pois eram tantas informações e reuniões e o meu desejo mesmo era de colocar a mão na “massa” com todo respeito, queria ir logo para as escolas, trocar experiências, enriquecer meu vocábulo, desmitificar os mitos de que as escolas estavam tomadas pela violência, etc. Não que essa “tal” violência não existisse, mas acredito que com cautela, carinho, “desarmada” e com muito diálogo consigamos aos poucos reverter situações de conflitos.
O PIBID em seu primeiro momento foi fundamentado nos estudos dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) em Arte, e da LDB (Lei de Diretrizes de Base), esses documentos foram de uma essencialidade que só mais tarde pude compreender sua importância nas leituras e discussões nas reuniões de área. Depois de muito estudo, fomos enviados as escolas para o trabalho prático. Jandira essa que vos escrever e o colega Maicon Barbosa, formaram a dupla que foram enviados para a Escola Getúlio Vargas que fica no Bairro cuja nomenclatura é o mesmo, localizado na cidade de Pelotas - RS. Não foi uma notícia muito agradável, tendo em vista que já havia chegado aos nossos ouvidos referências nada boa do referido ambiente de ensino e da própria localidade. Mais uma vez me ocorreu  de não ir, mas o meu desejo de querer mudar essa imagem que as pessoas têm das escolas, ainda que uma pequena mudança, foi mais forte e então segui em frente.
Minha primeira impressão na escola foi de surpresa e toda aquela carga de medo, terror e ansiedade que trazia comigo, caiu por terra. Começando pela direção da escola que nos recebeu com tanto carinho e respeito. É bom ressaltar que nosso trabalho foi desenvolvido junto com o Curso de Pedagogia, fato que me orgulha muito ter dividido essa experiência pedagogicamente com o universo infantil, me utilizando de todos os recursos das operações matemáticas, na construção de uma relação interpessoal, de aprendizagem, na troca de conhecimento entre Teatro e Pedagogia. Somar ideias ao invés de dividi-las, multiplicar os esforços para que todos os pibidianos juntos interagissem numa atividade interdisciplinar.                                                                           
Ter passado por esse programa foi uma experiência valiosa e produtiva para mim. Penso que se já estivesse existindo há mais tempo, nós e muitos outros futuros professores sairiam mais fortalecidos e sabidos do que realmente queremos ser.  Hoje estou escrevendo este relatório com um vazio imenso, em saber que o meu tempo no PIBID está chegando ao fim. Levo a certeza de uma auto-reflexão da Jandira de antes e depois do PIBID. Tudo que aprendi foi de uma lição maravilhosa e ficará guardando com muito carinho na minha vida. O aprendizado veio de toda parte por todos os lados, tanto como professora, aluna, espectadora, ouvinte etc. Enche-me de alegria o coração saber que fiz parte do PIBID, de poder ter tido o prazer de conviver com profissionais tão capacitados e respeitosos como foram o quadro de docentes que encontrei na “minha” escola e de ter como coordenadoras e supervisora pessoas íntegras, dotadas de conhecimento, humildade, companheirismo, sempre dispostas ao diálogo.
Aprendi que dificuldade sempre haverá pela frente, mas acredito também que com calma, seriedade, amor, respeito pelo próximo culminará em resultados satisfatórios e concretos. Este programa veio para nos ensinar, aprender, derrubar barreiras, ter conquistas, confiança, paciência, curiosidade, observação e saber que podemos no futuro bem próximo nos tornar profissionais de qualidade e competência.
Um brinde ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência), um brinde aos bolsistas que juntos fizeram parte de um grande avanço na educação brasileira. Um brinde ao Teatro, as suas habilidades e competências não tão somente no fazer artístico, mas em sua apreciação sócio-histórico-cultural. E que nós licenciados tenhamos plena certeza de estarmos capacitados para desenvolver as atividades de acordo com suas especificidades escolhidas.
Ainda acho graça quando recordo das reuniões de área (teatro), em que o foco maior era se discutir e entender o que era interdisciplinaridade. Eram tantas as dúvidas e incertezas que surgiam que, às vezes, ficava difícil mesmo de compreender alguma coisa. Somente quando somei as leituras de alguns livros, artigos, pesquisas, seminários, congressos, palestras que enfim, consegui captar informações mais contundentes em relação à Interdisciplinaridade. E conclui que nada mais é do que um trabalho de integração de disciplinas.                                                                                                                             
É tão simples assim, sim! O conhecimento está ai e precisa ser compartilhado, repartido com outras áreas. É por isso que existe o PIBID. Veio com essa finalidade de unir as disciplinas numa atividade interdisciplinar em que licenciados, professores, alunos e supervisores de outras áreas estejam voltados para um só objetivo, compartilhar o saber, com o propósito maior e específico para o trabalhado do futuro docente, propiciando aos bolsistas e demais colegas, oportunidades de aprendizagem nas escolas, ampliando conhecimentos no convívio diário com alunos e bolsistas de outras áreas. O contato com a sala de aula, com a direção, tudo isso seria compartilhado e vivenciado, estabelecendo um diálogo próprio e proveitoso entre os envolvidos no programa. Paralelo ao programa existe o Subprojeto de Teatro fundamentado na LDB de 1996 com orientações para o desenvolvimento das atividades, que tornou obrigatório o ensino de Arte em todos os níveis da educação básica no Brasil, também contamos com documentos para uma orientação teórica, os PCNs para o Ensino Fundamental e Médio que direciona o ensino de arte no País e o Projeto Pedagógico do Curso de Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas.
            O projeto político pedagógico do curso de Teatro - Licenciatura relata o seguinte: Os Licenciados em Teatro têm como objetivo proporcionar, aprofundar e ampliar os conhecimentos teóricos, as vivências práticas nas áreas de atuação, tendo em vista o ensino de arte em todos os seus aspectos abrangentes a disciplina. Se apropriando da realidade escolar para possível melhoria das condições do ensino de arte nas instituições escolares de ensino público. Estabelecendo um elo de relações, diálogo no fazer, apreciar e contextualizar o teatro como uma linguagem, um campo vasto para cultura social, possuidor de elementos e conteúdos próprios, possíveis de serem aprendidos, compreendidos, refletidos, experienciados e ensinados nas atividades interdisciplinares e específicas.

1 Comissão de Estudos para a criação do Curso de Teatro – Licenciatura, Portaria nº 672 de 7 de junho de
2006, composta pelos professores: Ana Lúcia Costa de Oliveira, Álvaro Luiz Moreira Hypólito, Armando de Oliveira Cruz, Carmen Lúcia Abadie Biasoli, Fabiane Tejada da Silveira e Úrsula Rosa da Silva.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Francisco. Pedra Filosofal:
Disponível: http://www.acasadoaprendiz.com.br/pedrafilosofal. Acesso em:14 de fevereiro de 2012.
DUARTE JR, João Francisco. A Montanha e o Videogame: escritos sobre educação. Campinas, SP: Papirus, 2010.
FERNANDES. Francisco, LUFT. Celso Pedro, GUIMARÃES. F. Marques: Dicionário Brasileiro Globo – 33. Ed. –
Paulo: Globo, 1993.


[1] http://www.acasadoaprendiz.com.br/pedrafilosofal.


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