Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Autonomia e Prazer na Fruição do Conhecimento: uma Experiência no PIBID-UFPEL

AUTONOMIA E PRAZER NA FRUIÇÃO DO CONHECIMENTO: UMA EXPERIÊNCIA NO PIBID-UFPEL

CARLOS ROBERTO ESCOUTO;
FABIANE TEJADA DA SILVEIRA
Universidade Federal de Pelotas – betinho.stacruzrs@yahoo.com.br
Universidade Federal de Pelotas – ftejadadasilveira@ig.com.br


1. INTRODUÇÃO

O tema do estudo trata de uma prática de ensino criada pensando na autonomia, no prazer e na liberdade do educando ao construir o conhecimento. Ela foi construída por um grupo de pibidianos da escola estadual Félix da Cunha em Pelotas/RS pelo Programa de Bolsas de Iniciação a Docência PIBID-UFPel que atua na escola. O educador aqui vai ocupar o papel de estimulador e orientador da pesquisa dos educandos. Vai atuar como parceiro dele nesta pesquisa. Antes de iniciar as pesquisas, será feita a reflexão na instituição escolar utilizando-se da linguagem teatral entre alunos e professores, afim de criar um diagnóstico de como o educando e o educador veem a escola e de como se percebem nela. O objetivo é pensar o espaço escolar como um lugar de convivência e que este seja prazeroso e estimulador para a procura do conhecimento tanto do aluno como do professor. Transformar a escola de ambiente reprodutor do conhecimento e transformá-la num espaço de construção coletiva e crítica do saber. Como diz Hilton Japiassu (2006)
‘’Ao questionar os conhecimentos adquiridos e os métodos aplicados, não só o interdisciplinar promove a união do ensino e da pesquisa, mas transforma as escolas, de um lugar de simples transmissão ou reprodução de um sabe pré-fabricado num lugar onde se produz coletiva e criticamente um saber novo. ‘’
Algumas das inspirações para essa didática tem suporte na obra de Paulo Freire (1987), quando este apresenta na ''Pedagogia do Oprimido'' que para o oprimido se libertar da opressão é preciso que o mesmo reflita sobre a própria situação para poder transformá-la. Que a tendência do homem é “refletir sobre a sua própria situacionalidade, na medida em que, desapoiados por ela, agem sobre ela’’. Rubem Alves também estimulou a reflexão quando diz no livro ''Educação dos sentidos e mais'’ que ''é preciso deixar a criança falar para desabrochar a sua inteligência'' (2005. P. 29). A partir daí, pensou-se em deixar aberto e livre um tempo nos encontros para os alunos trazerem assuntos ou acontecimentos que despertaram a curiosidade deles fora da escola para ser discutida dentro da sala de aula.
A metodologia está embasada em modelos educacionais como desenvolve o Centro Popular de Desenvolvimento e Cultura ''CPCD''. Em uma de suas pedagogias de ensino, ''a pedagogia da roda'', permite que os alunos escolham e organizem o tema e o momento que este deverá ser pesquisado. Na pedagogia da roda, “tudo que é levado à roda pode ser estudado e aprendido, só tem que organizar o momento. O que não queremos aprender hoje vamos aprender amanhã. Não exclui nada, não joga nada fora.‘’ (CPCD). A escola da Ponte, localizada em Tome de Negrelos, distrito do Porto em Portugal também serviu de exemplo e inspiração para pratica de ensino criada. Nesta escola, se observa a participação dos alunos na construção da estrutura organizativa da escola, assim como, no planejamento das atividades.
''A sua estrutura organizativa (facilitada por espaços abertos, com portas amovíveis), desde o espaço ao tempo e modus operandis, exige uma maior participação dos alunos tendo como intencionalidade a sua participação, em conjunto com os orientadores educativos, no funcionamento e organização de toda a escola, no planejamento das atividades, na regulação da sua aprendizagem e avaliação. ''
A metodologia tem como objetivo dar liberdade ao aluno ao fruir o conhecimento. Tirar do professor o status de transmissor do conhecimento e deixá-lo na função de parceiro do aluno na busca do mesmo. E que acima de tudo predomine o prazer de educandos e educadores ao conviver no ambiente escolar.


2. METODOLOGIA

A pratica de ensino foi criada a partir de uma pesquisa feita sobre o prazer de educandos em relação as práticas desenvolvidas na escola do Colégio Estadual Félix da Cunha em Pelotas/RS. Foram entrevistados alunos do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio e perguntado se estes sentiam prazer em estar em sala de aula. Quase 80% dos educandos disseram não sentir prazer ao estar em sala de aula. A construção da metodologia se deu a partir de um trabalho que um grupo interdisciplinar do Programa Institucional de Bolsa em Iniciação à Docência ''PIBID'' da escola estava realizando. Um dos grupos, composto por alunos dos cursos, Ciências Sociais, Filosofia, Física, Educação Física e Teatro compuseram juntos esta proposta de ensino. O desenvolvimento da proposta vai se dar no segundo semestre de dois mil e quinze, onde o grupo terá como parceiros alunos do primeiro ano da mesma escola. O grupo terá quatro encontros com os alunos onde cada encontro terá o tempo de 1h e 20min para desenvolver a proposta.


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos encontros iniciais, será feita a discussão sobre escola e a construção do conhecimento através de ferramentas teatrais como a improvisação e discussão de cenas com a temática teatral e também a discussão em roda sobre os assuntos. Depois de feita a discussão, os alunos criarão grupos e escolherão temas para a pesquisa que será executada nos próximos encontros. Depois de feito isso, terminaria então a primeira parte dos encontros. A segunda parte vai se dar com a pesquisa dos alunos. Os professores trarão materiais para suas pesquisas, assim como poderão ser utilizados o laboratório de informática da escola e a biblioteca para seu desenvolvimento e ficando a cargo dos alunos escolherem o ambiente em que será feita a pesquisa, podendo eles optarem pelos espaços alternativos e externos a sala de aula. A segunda parte dos encontros terminará com a apresentação e discussão dos grupos em cima dos temas pesquisados. Depois desta etapa, acontecera a etapa final, onde os professores ministrarão uma oficina interdisciplinar com os alunos elaboradas pelo grupo de professores atuantes. A partir de um objeto qualquer, um ambiente ou uma situação, vão ser exploradas as mais diversas associações que pode-se fazer com tal matéria. Utilizando o exemplo de uma simples cadeira, pode-se associar diversos aspectos a ela como a matéria-prima, os diferentes lugares de extração desta matéria, onde estes países estão geograficamente localizados, qual a sua literatura, entre outros aspectos. Só nesses poucos exemplos, já se consegue abordar temas de áreas como a história, a química, a geografia, as letras, a literatura, o teatro, a matemática, enfim, as possibilidades de abordar conteúdos das diferentes áreas são quase que inesgotáveis. Fazer com que na mesma aula tenha a interação de diferentes áreas na abordagem de ensino rompendo com as disciplinas fragmentadas. Como diz Thiesen ''A interdisciplinaridade emerge na perspectiva da dialogicidade e da interação das ciências e do conhecimento buscando romper com a fragmentação dos saberes (2008, p. 2).''
4. CONCLUSÕES
O trabalho é importante em vários aspectos. Desde a relação entre educador e educando onde é desconstruída a tradicional forma hierárquica até o processo que acontecerá a pesquisa. Os dois vão ser parceiros na construção do conhecimento. Os temas a serem pesquisados partirão da livre escolha dos educandos assim como a forma em que irão pesquisar. Outro fato é a tomada de discussões em círculo, assim como, a liberdade dos alunos em trazerem discussões para a sala de aula. Outro aspecto importante é a atuação na elaboração e execução de docentes de diferentes áreas na mesma abordagem como prevê a oficina interdisciplinar. Não será exercida mais a função tradicional do professor que ''repassa ou transmite'' o conhecimento na frente do quadro para os alunos e sim ele será o orientador, o estimulador e o parceiro do educando na busca pelo conhecimento. A abordagem interdisciplinar em cima de objetos, situações ou ambientes do cotidiano também é aspecto importante na pratica de ensino desde a contextualização do tema aproximando-o da realidade do aluno até a proposta elaborada não individualmente e sim pelo grupo de professores. Só a pratica desta metodologia no segundo semestre na escola responderá se a metodologia será ou não exitosa.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubens. A educação dos sentidos e mais. Campinas, SP: Versus Editora, 2005.
FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia: saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
JUPIASSU. Hilton. Cadernos EBAPE.BR. Volume 4, 2006.
THIESEN. Juares da Silva. Revista Brasileira de educação: A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. v.13: 2008.
PEDAGOGIAS Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento. Disponível em: Acessado em: 03 Julho de 2015.
DOCUMENTARIO Mudando paradigmas na educação. Disponível em: Acessado em 03 Julho de 2015
A ESCOLA da Ponte. Disponível em: Acessado em: 03 Julho de 2015

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