Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Resumos bolsista Grégori Eckert

 A educação dos sentidos
Resumindo: São duas, apenas duas, as tarefas da educação.” (pag. 9);
O corpo carrega duas caixas. Na mão direita, mão da destreza e do trabalho, ele leva uma caixa de ferramentas. E na mão esquerda, mão do coração, ele leva uma caixa de brinquedos.” (pag. 9);
A arte de pensar é a ponte para o desconhecido.” (pag 10);
Uti, “o que é utilizável, utensílio.” Usar uma coisa é utilizá-la para se obter uma outra coisa. Frui, “fruir, usufruir, desfrutar, amar uma coisa por causa dela mesma.”
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na “caixa de ferramentas” eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na “caixa de brinquedos”, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo. (pag 24)
Por isso, porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver, eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar para os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. (pag 25)
[...] Talvez seja essa a razão por que há tantos cursos de oratória, procurados por políticos e executivos, mas não há cursos de “escutatória”. Todo mundo quer falar. Ninguém quer ouvir. (pag 29)
Acordar os ouvidos! Não me consta que essa tarefa tenha sido jamais mencionada em tratados sobre a educação. É compreensível. Para isso os professores teriam que ser artistas, pianos que não tocam nada e que só fazem ouvir. Quando isso acontecer, quem sabe os nossos jovens aprenderão a identificar o canto dos pássaros e ficarão subitamente alegres “ao ouvir na madrugada passos que se perdem na memória...”. (pag 34)
Há coisas que só se aprendem se não se sabe que está aprendendo e que só se ensinam quando não se percebe que se está ensinando. (pag 42)
A música nos retira dos nossos pequenos mundos e nos faz viajar por mundos maravilhosos. Isso desperta em nós as potências eróticas dos nossos ouvidos. (pag 43)
Educados, os sentidos passam a ser habitantes da “caixa de brinquedos”. Pelos sentidos educados deixamos de “usar” o mundo e passamos a “fazer amor” com o mundo. (pag 45)
Mas o tato é, talvez, o sentido sobre o qual menos se tenha falado. Há uma filosofia dos olhos, uma filosofia do ouvido, uma filosofia da boca. Mas desconheço uma meditação filosófica sobre o tocar. E, no entanto, a pele é lugar de tantas alegrias. (pag 51)
O tato é o sentido que marca, no corpo, a divisa entre eros e tânatos. É através do tato que o amor se realiza. É no lugar do tato que a tortura acontece”. Bullyng é a forma escolar de tortura. (pag 56)
O tato contém um saber. Talvez, uma provocação ao saber. Faz-nos pensar. Teríamos então de pensar o tato como uma das experiências essenciais que devem acontecer no espaço escolar. O tato incita a inteligência. (pag 60)


A MONTANHA E O VIDEOGAME
O fato é que o mundo moderno (historicamente estabelecido a partir do século XV) primou pela valorização do conhecimento intelectivo, abstrato e científico, em detrimento do saber sensível, estésico, particular e individualizado. (pag 25)
Ou seja: somos educados para a obtenção do conhecimento inteligível (abstrato, genérico e cerebral) e deseducados no que tange ao saber sensível (concreto, particular e corporal).
A casa foi tornada uma “máquina de morar”, um espaço constantemente diminuído que não abriga sonhos e afetos, exercendo tão só uma função prática. (pag 27)
Há um mundo natural e cultural ao redor que precisa ser frequentado com os sentidos atentos, ouvindo-se e vendo-se aquele pássaro, tocando-se este outro animal, sentindo-se o perfume de um jardim florido ou mesmo o cheiro da terra revolvida pelo jardineiro, provando-se um prato ainda desconhecido etc. (pag 30)
A educação precisa ser suficientemente sensível para perceber os apelos que partem daqueles e ela submetidos, mais precisamente de seu corpo, com suas expressões de alegria e desejo, de dor e tristeza, de prazer e desconforto. (pag 31)

Grégori Eckert





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