Sobre o Projeto

O Programa Interinstitucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) é um programa do MEC, fomentado pela CAPES para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. Na UFPel, desde 2010, o curso de Teatro está participando, juntamente com os demais cursos de licenciatura. Atualmente somos um grupo de 12 alun@s do curso de Teatro - Licenciatura da UFPel, bolsistas do PIBID - CAPES/MEC. Desenvolvemos ações específicas da área de teatro e projetos educacionais interdisciplinares, no momento, atuando em quatro escolas públicas parceiras do programa, em Pelotas/RS, orientados pelas professoras/es supervisoras/es das escolas e pelos coordenadores de área.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Resumos bolsista Cibele Fernandes

Práticas Teatrais e Formação de Espectadores
Uma ideia de democratização cultural foi semeada desde 1960 até meados dos anos de 1970 por artistas e educadores de várias partes do mundo. Semear e estender a arte para todas pessoas era o objetivo, e o teatro era mais um veículo de questionamento e transformação da sociedade, era uma ação política. Os artistas criaram uma proposta pedagógica para manter uma relação mais direta com o público, um meio de compreender a atuação política que estava inserida nessa ação, assim havia uma mudança posição do espectador em relação ao teatro. Surge também a preocupação com os “espectadores do futuro”, uma ação que era desenvolvida através do “teatro para crianças”, com a percepção de que as crianças deveriam ter uma produção adequada a sua idade para que se tornassem adultos capacitados e adaptados ao meio cultural e que assim pudessem expandir a arte cada vez mais oficinas e espetáculos conseguiam espaço na cena educacional.
As animações teatrais visavam dinamizar a recepção teatral, as animações teatrais autônomas eram oficinas feitas tanto em escolas, fábricas, sindicatos com o objetivo de mostrar diferentes técnicas teatrais aos participantes, enquanto as animações teatrais periféricas tinham o foco na formação de espectadores, com base no espetáculo que seria apresentado, e poderia acontecer antes ou depois da mostra. Categorizando as animações em torno de um espetáculo temos o seguinte divisão: animações teatrais de integração escolar, este segmento visava unir o teatro com as atividades escolares, as várias áreas do conhecimento na escola usavam o espetáculo com proposta pedagógica. Animações teatrais de expressão é uma das categorias, esta aplicava jogos de improvisação, com foco na expressão dramática dos participantes. Animações teatrais de leitura tinham as atividades voltadas para que o aluno-espectador pudesse fruir mais da obra, poderia conter fichas pedagógicas com informações sobre a peça que iria ser assistida e sugestões de atividades para os professores fazerem com os alunos, este segmento possuía duas vertentes: a animação de leitura horizontal, os alunos debatiam e improvisavam cenas através do assunto da mostra. E a animação de leitura transversal os espectadores podem ser capacitados para ler os signos da encenação.
O espetáculo animação é uma denominação dada ao tipo de apresentação que o público assistia, mas também poderia participar, ou seja, a intervenção era feita no mesmo momento do espetáculo.
Existiam dúvidas sobre os procedimentos alcançarem seus objetivos, e essas dúvidas aparece no depoimento do diretor português João Brites:
Muito pouco podemos saber do que terá ficado nos outros e contribuído para manter vivo e acutilante o seu sentido critico, a disponibilidade solidária, o gosto pela criação, pela comunicação, pelo associativismo cultural, que foram e são os objetivos da nossa atividade no campo da “expressão dramática” (Brites,1989, p.98).
Os sociólogos Roger Deldime e Jeanne Pigeon , escreveram uma matéria no final de 1980 onde forma entrevistados vários adultos que haviam assistido e participado das intervenções teatrais feitas pelo T.J.A, essas entrevistas propunham dinâmicas para ver se os adultos se lembravam das peças que haviam assistido quando crianças, e o resultado foi que os alunos que haviam participados das animações, feitas pelos artistas ou pelos próprios professores estavam fortemente presentes na memória dos adultos.
Atualmente a escola é um espaço privilegiado para trabalhar com formação de espectadores, mas antes de chegar aos alunos é necessário chegar aos condutores, aos professores. Atualmente o professor é o maior mediador de arte, tendo em vista a diminuição das animações teatrais aplicadas por artistas nas escolas, mas este mediador tem dificuldades em para fazer essa práticas, pois também não tem formação artística para tal.
Ainda sobre a formação dos espectadores, é uma via de mão dupla, pode ser feita por meio de jogos, mas também pela montagem de uma peça efetivamente, e não de uma mera reprodução de um teatro profissional, mas uma criação própria, assim o espectador-ator participará de todas funções artísticas da criação teatral.
O espectador iniciante, a criança espectadora é tratada com marginalidade pelo dito “teatro infantil” não toda a produção mas em grande parte, e isso é reflexo da visão sobre a infância da nossa sociedade, como se a criança precisasse ser completada de alguma maneira. Isso faz com que as crianças não queiram ir ou participar de um teatro, com a justificativa de que teatro infantil é coisa de criança, e que só quando ela deixar de ser crianças será melhor. Brecth escreveu: “a experiência demonstra que as crianças compreendem, tão bem quanto os adultos, tudo o que merece ser compreendido” (Brecth,1977, p.217) as questões da arte não estão ligadas as faixa etária do espectador.


A EDUCAÇÃO – ENTRE O CORAÇÃO E A RAZÃO
COMO EDUCAR O CORAÇÃO
Esse conceito de educação é do classicismo alemão, Wilheklm von Humboldt usava a expressão” formação do temperamento” o coração era vinculado ao sentimento e ao temperamento, mas será possível educar o coração? O século XVIII era conhecido por ser o século da Pedagogia e gerou um debate de que a educação deveria não só incluir a mente no processo de aprendizagem mas também os sentimentos deveriam ser educados. Alguns sentimentos como ódio, inveja poderiam prejudicar a sociedade logo deveriam ter interferência do pais e dos pedagogos, mas a pergunta era como fazer isso. Alguns pedagogos achavam e educação estética um foco, a poesia, a artes plásticas, a música e assim trazer sentimentos sublimes, outros já pensavam ao contrário. Entre os educadores a educação do coração também deveria ser feita na escola, Joachim Heinrich Campe, utilizava a imagem metafórica do corpo como um navio, guiado pelo juízo e movido pelos sentimentos.
A educação nesse momento estava voltada para educação dos sentimentos, mas como esses sentimentos eram educados era outra história, nas escolas elementares as crianças aprendiam o senso de obediência e autoridade da igreja e estado, a ideia se tornava um adestramento. A educação passou por um período de carência, tanto que na enciclopédia Meyer a compaixão era válida somente para os “integrantes da comunidade”, ou seja mesma comunidade étnica, só esses eram capazes de compartilhar sentimentos, a partir dessa experiência muitas pessoas se moveram para enfatizar a educação do coração. O governador Wihelm Hoegner propôs na Constituição do Estado Livre de Baviera e foi sancionado na Assembleia Constituinte o parágrafo 131” transmitir saber e habilidade, mas também a de formar o coração e o carácter”.
Sobre a empatia, enquanto alguns políticos pensam na educação de valores, algumas escolas experimentava o treino da empatia, a educação do ser humano envolve mais que mente, envolve também sentimentos.

FORMAÇÃO CULTURAL
Sibylle Lewitscharoff, foi convidada a escrever sobre “Eros como princípio pedagógico” nessa escrita ele conta como foi sua vida desde pequena e como foi sua educação. Cita como a leitura foi importante para seu desenvolvimento, Sibylle tinha um amor pela literatura e pelo marxismo, estudou em uma escola para meninas e tinha o desejo de sair da Stuttgart e viver um sonho em Nova York. Mas as ideias de esquerda já dominavam a sua sala de aula, com muitas discussões em pequenos grupinhos de esquerda. Ela diz que nunca viu a educação com ato compulsório, o que ela tinha era curiosidade e que a sua educação vinha de suas leituras, e que através das leituras conseguir descobrir mais de si mesma.
Teatro Pós-Dramático, doze anos depois.


O texto fala sobre as questões do termo Pós dramático, e se esse termo ainda seria o correto, ou se deveria ser revisto. Esse teatro era conhecido por ser um teatro opositivo, radical, mas com o passar do tempo ele passou a ser conhecido e aceito. O teatro alemão tem muitos representantes, e abriu novos caminhos para o teatro, como por exemplo, a performance (Gosh), os laços entra dança e o teatro (Pina Baush). Um desenvolvimento do teatro Pós-dramático é que do individual, o processo passou a ser em grupo, colaborativo, essa mudança gera uma nova articulação teatral, o artista quer efetivamente estar envolvido em todo processo de criação. O site specific, é um tipo de produção, os espectadores visitam lugares privados e experimentam performances, leituras, com o objetivo de criar uma situação de exploração pouco habitual, há um interesse em usar lugar públicos, vídeos ou transformação de um determinado lugar em um ambiente artístico para evidenciar algum significado político do local.
Pollesh critica estilo de vida no capitalismo, a partir de coros, e não de personagens individuais ele usa a comédia para travar diálogos ambíguos através do coro trabalhando as questões sócias e culturais. O teatro e a sociedade começaram novamente a misturar, principalmente quando surgem problemas sóciais a partir da crise financeira sem fim, antes disso os novos meios artísticos (mídia, fragmentação, performance) haviam se distanciado da ação política. O coro é uma ferramenta importante para teatro, Einar Schleef produziu e gerou muitas discussões sobre o coro na Alemanha.
Tem se até aqui três tendências, o primeiro o processo de colaboração de produção, o outro é o diálogo com a sociedade, o terceiro seria o retorno do coro e pode –se citar como quarto o interesse pela dança, ela ganha uma maior visibilidade e tem influência sobre o teatro. O quinto elemento é narrativa, o poder da palavra, entram aqui os textos narrativos ao lugar dos dramáticos. A fala é ato principal da cena, o público deve lidar diretamente com ator.
Desde 1999, onde este estudo se inicia a noção e os elementos do teatro pós- dramático continuam utilizados, o coro, o espaço aberto, performance, a mistura das linguagens (pintura, filosofia, música). O termo pós-dramático é usado em vários países, no meio acadêmico é muito usado para fazer relações com a performance, e/ou teatro experimental. Jean-Piere Sarrazac (2012) tem a proposta de que o termo teatro rapsódico seria o termo adequando para o teatro contemporâneo, esse teatro se refere a Brecht, e a Bernard Dort, essa alusão se faz demasiada enraizada nas tradições dramáticas e talvez não de conta de todo a proposta do pós-dramático como os textos não literários, a instalação, a dança logo o termo rapsódico não seria ideal para substituir o termo.
...” O termo pós-dramático indica não só a soma de novas estéticas teatrais desde a década de 1970 até a década de 1990, mas todo o teatro, em suas formas anteriores e posteriores, que não é mais dominado pelo modelo dramático. O conceito pode até mesmo assim, ser considerado útil na análise de padrões culturais ou hábitos mais gerais ...”
Sobre a Teoria do Teatro e a Teoria da Performance não há necessidade de uma divisão, elas operam juntas. O termo pós-dramático e a performance são confrontados com a ideia e as normas da tradição dramática, talvez só no futuro, em um tempo onde não houvesse nenhuma lembrança do teatro dramático, a noção do pós poderia ter seu sentido.

































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